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Como evitar alta temperatura da silagem

O ponto principal é a presença do oxigênio. Logo, tudo que influencia o aumento de oxigênio armazenado e percolando para dentro do painel influencia na temperatura.

No momento que se abre o silo e passa existir presença de oxigênio, as leveduras nesse novo cenário (com oxigênio) passam a ser capazes de oxidar o ácido lático (principal ácido em concentração na silagem) e esse metabolismo gera produção de calor. Além disso, ao metabolizar o ácido lático o pH da silagem irá subir e outras populações de microrganismos poderão crescer, tais como fungos filamentosos que podem produzir micotoxinas.

Para evitar aquecimento do painel devemos começar a pensar no dia da colheita. O foco é colher planta de milho entre 34 – 37% de matéria seca (autopropelidas) ou 30 – 34 % (colhedoras de arrasto). Se a planta estiver > 40% de MS já começa ser difícil fazer uma boa compactação pois ocorre um efeito chamado “colchão” em que a roda do trator passa por cima da massa de forragem e a mesma é comprimida, mas não permanece nesse estado compactado e retorna ao volume anterior.

Outro ponto correlato com o % MS é a picagem da fração fibrosa (caule + folha + sabugo + palha da espiga) da planta. O aumento da % de partículas retidas na peneira de crivo 19-mm da Penn State dificulta a compactação e exigem maior peso de maquinário. A meta é tentar trabalhar abaixo de 8% de partículas retidas nessa peneira e se trabalhar acima disso deve-se aumentar peso de maquinário na compactação. Normalmente, quando a lavoura está mais passada (>40% MS) o desafio de picar adequadamente é maior e percebe-se na prática uma tendência a aumentar % de partículas retidas na peneira de 19-mm e as mesmas passam a ser mais desuniformes.

Para contornar isso deve-se reduzir o tamanho de corte na colhedora e a ficar atento a frequência de afiação de facas e no ajuste da faca e contra-faca. A redução de tamanho de corte, além do critério de compactação, deve considerar a dieta que essa silagem irá compor e qual categoria animal em que ela será usada.

A compactação tem que ser feita com peso de maquinário equivalente a 40% do que chega de massa verde por hora no silo (ex: se chega 60 t/h precisa de 24 t de peso de maquinário para uma boa compactação). Em alguns casos específicos em que existem mais uma colhedora autopropelida colhendo, é necessário que encher 2 silos simultaneamente, pois pode não ser possível alocar muitos tratores de compactação em um silo.

O tempo de compactação de 1-1.1 x o tempo de colheita (10 h de colheita = 10-11h de compactação), encher o silo em rampa e faixas de 20 cm de compactação. A busca é por uma densidade acima de 700 kg matéria natural /m3, quando mais denso menor a chance de entrada oxigênio. O tempo de enchimento do silo tem que ser no máximo de 3-4 dias e se for re-ensilagem mais rápido ainda (1-2 dias).

O uso de inoculantes heterofermentativos (L. bucheneri) de forma estratégica em silagem de milho planta inteira ou de grãos úmidos/reidratados/snaplage ajudam a produzir ácido acético, o qual controla melhor as leveduras no pós-abertura do silo e aumentam a estabilidade aeróbia da silagem. Para esse efeito deve-se escolher inoculantes de fornecedores com eficiência científica comprovada, usar água sem cloro, prepara-los no dia da colheita com ajuste de dose e fluxo de aplicação adequado a quantia de massa. A calda não pode ficar no reservatório da colhedora de um dia para o outro, pois perde eficiência e temperatura dela no reservatório pode passar de 35o C.

Em casos de realocação de silagem (reensilagem) os cuidados com retirada da silagem do silo atual (evitar carregar terrar), velocidade de transporte entre os silos, velocidade de enchimento do novo silo, compactação, uso de inoculante e vedação são redobrados.

O preparo prévio do silo é essencial. O primeiro passo é a limpeza do mesmo e na sequência a alocação de lona dupla face nas laterais do silo trincheira para minimizar perdas. Outro ponto é fazer uso de lona barreira de oxigênio que auxilia na redução de perdas no topo do silo, mas para ter um bom efeito a lona dupla face que irá sobrepô-la tem que ser de plástico virgem e com proteção contra raios UV.

O dimensionamento de silo adequado é crucial para que a taxa de remoção diária seja de pelo menos 30 cm. O desabastecimento do silo não pode abalar a sua estrutura (não se pode descompactar o silo e aumentar a porosidade). O intuito é manter um paredão. Em casos extremos de aquecimento é recomendado usar ácido orgânico no painel do silo.

Questões ligadas a silagem devem ser sempre tratadas com atenção e cuidado pelo produtor, pois afetam diretamente o desempenho do rebanho leiteiro. Tendo em vista a necessidade de reforçar o conhecimento sobre o assuntoGustavo Salvati falará sobre o tema em sua palestra “Silagem de milho: o que monitorar para ter o melhor desempenho das vacas” que acontecerá no Interleite Sul 2024, em Chapecó.

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GUSTAVO SALVATI

Graduado em Zootecnia (UFLA), Mestrado em Nutrição de Bovinos Leiteiros (UFLA), Research Scholar (University of Wisconsin – Madison) e atualmente Doutorando no Programa de Pós Graduação em Ciência Animal e Pastagens (ESALQ)

Publicação: Portal MilkPoint