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NCR 2021: gordura para vacas leiteiras

A utilização de gordura como suplemento na alimentação de vacas leiteiras é bastante realizada, uma vez que ela pode aumentar a densidade energética da dieta e melhorar a produção de leite e rendimento dos componentes, como teor de gorduraproteína e sólidos totais.

Segundo Rabiee et al. (2012) as respostas dessa suplementação dependem do tipo de gordura que é utilizado como suplemento.
 

Mas afinal de contas, o que é gordura?

Segundo o NRC (National Research Council) (2021) esse é um termo genérico para descrever compostos com alto teor de ácidos graxos de cadeia longa (AGs), como os triglicerídeos, fosfolipídios, AGs não esterificados e sais de AGs de cadeia longa e que possuem 2,25 vezes mais conteúdo energético que os carboidratos. Óleo de soja, gordura de palma, azeite de dendê, óleo de milho, sais de cálcio, são exemplos de gordura.

O NRC (2021) ainda segue o preconizado anteriormente em relação a inclusão de “gordura” na alimentação, podendo ser adicionado até 7% na dieta. Onde, podem ser usados como suplementação: oleaginosas, óleos extraídos de plantas e gordura animal, sendo esta última proibida no Brasil.

Logo, a determinação de ácidos graxos possui extrema importância, tendo em vista seus benefícios e cuidados na sua utilização. Contudo, a sua predição pela análise de extrato etéreo levava a uma superestimação do percentual de gordura, tendo em vista que essa análise removia tudo que fosse solúvel em éter, como pigmentos e ceras.

Hoje, vários alimentos são analisados para perfil de ácidos graxos (AG), utilizando a cromatografia gasosa, além disso o NRC (2021) possui uma biblioteca contendo o perfil de AG dos alimentos, o que possibilita ajustar as dietas com base em gorduras saturadas e insaturadas, e ácido linoleico, o que melhora o metabolismo ruminal, a digestão e absorção, dessa forma, melhor desempenho animal

utilização de gordura em dietas para vacas leiteiras apresenta efeitos desejáveis, como inibição da produção de metano, redução da concentração de NH3 ruminal, aumento na eficiência da síntese microbiana e aumento de ácido linoléico conjugado (CLA) no leite, que tem sido considerado um importante agente anticarcinogênico (Lin et al., 1995) além do CLA ser bastante desejado por quem procura uma melhor qualidade de alimentação, uma vez que tem efeitos nutraceuticos.

Contudo, também apresenta efeitos indesejáveis, como a redução na digestibilidade da matéria seca e redução na relação acetato:propionato com consequente diminuição da gordura do leite quando a gordura é utilizada de maneira inapropriada na dieta.

O aumento da proporção de alimentos concentrados na dieta de vacas leiteiras é uma forma de aumentar a concentração energética da dieta. Contudo, o fornecimento máximo de concentrado deve ser limitado, uma vez que existe uma necessidade mínima de fibra para o funcionamento ideal do ambiente ruminal e manutenção dos teores de gordura do leite. De maneira geral, o aumento de concentrado na dieta eleva o teor de amido.

E como isso acontece? As gorduras passam pelo rúmen sem sofrer o processo de fermentação, contudo, sofre ação por parte de bactérias por hidrólise e biohidrogenação. A hidrólise é extracelular e o glicerol e açúcares que são liberados, são rapidamente fermentados a ácidos graxos voláteis.

O processo de biohidrogenação acontece com os AG que estão na forma não esterificada ou livres, e consiste em saturar os AG com ligações duplas, isso ocorre como processo de proteção da flora ruminal, uma vez que alguns AG são tóxicos devido à natureza anfipática.

Algumas fontes de gordura são utilizadas como modificadores da rota de biohidrogenação, produzindo alguns ácidos graxos, como o CLA. As gorduras que deixam o rúmen são formadas principalmente de ácidos graxos livres, fosfolipídeos e uma parte de triglicerídeos e glicolipideos. Após a absorção em forma de ácidos graxos livres, ocorre esterificação para triglicerídeos e fosfolipideos e se tornam novamente insolúveis, necessitando de um transportador, as lipoproteínas.

O metabolismo das gorduras demonstra a necessidade de entender melhor a composição dos ácidos graxos dos alimentos, para melhor modular o perfil de AG do leite.  

Por fim, ressalta-se que a precisão na utilização de gordura vai trazer melhorias na produção e praticidade na formulação de dietas. Vê-se, então, que o NRC (2021) traz uma melhor abordagem quanto a utilização adequada de lipídeos, além de trazer melhorias em relação ao NRC (2001), principalmente com um banco de alimentos muito completo em relação ao perfil de ácidos graxos.

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Autores

Olga Cedro de Menezes – Doutoranda em Zootecnia na Universidade Federal da Bahia
Bruno Ramires Macedo Costa – Mestrando em Zootecnia na Universidade Federal do Ceará
Polyana Pizzi Rotta – Professora Adjunta na Universidade Federal de Viçosa

Portal: MilkPoint

Foto: Imprensa Sindileite-Goiás