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Quem são os maiores consumidores de lácteos

Mulheres são as maiores consumidoras de iogurte, enquanto os homens na faixa de 70 anos ou mais são os que mais bebem leite. Essas são algumas conclusões do estudo aqui apresentado.

De acordo com os dados preliminares do Censo Demográfico/IBGE, de 2022, o Brasil tem cerca de 208 milhões de habitantes. Isso significa que o setor de leite e derivados tenha cerca de 208 milhões de possíveis consumidores, que diferem em credo, gênero, raça, idade, cultura etc. Além disso, esses consumidores estão cada vez mais informados o que faz com que sejam criteriosos nas suas escolhas alimentares num cenário de constantes oscilações econômicas.

Portanto, pode-se afirmar que está cada vez mais difícil vender leite e derivados no Brasil e atender às necessidades desses consumidores. Diante disso, torna-se fundamental conhecer o mercado se a proposta é atender de forma adequada e eficiente às demandas desse público.

Estudos anteriores da Embrapa Gado de Leite, em parceria com a UFJF-Universidade Federal de
Juiz de Fora, identificaram características específicas dos consumidores de leite e derivados no país.

Nesse âmbito, as principais constatações das pesquisas foram:

  • Quando se considera o total de lácteos, as crianças e adolescentes se destacam como os maiores consumidores.
  • Crianças e adolescentes são também os maiores consumidores de bebidas lácteas e
  • leite fluido.
  • O consumo de queijos aumenta com o avanço da idade dos consumidores.
  • Não há diferença significativa de consumo total de lácteos entre os gêneros.
  • Regiões de maior renda média têm maior consumo de leite e derivados.

No entanto, seguindo a abordagem do marketing, são aqui analisadas as personas do leite brasileiro.

Persona é a caracterização ou definição do perfil do consumidor ideal, ou seja, do maior consumidor de determinado produto. Para isso, foram empregados os microdados da mais recente Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE. Essa pesquisa de consumo é realizada por meio do preenchimento de diários alimentares por parte de amostra significativa da população brasileira com mais de 10 anos.

A tabela 1 apresenta a definição da persona de queijos, iogurte e leite.

Pessoas que conhecem a produção de leite são os maiores consumidores

Para o leite, o modelo empregado utilizou apenas dados de consumo de leite puro, uma vez que o leite consumido combinado com outros alimentos é considerado em outra categoria na POF. As variáveis significativas no modelo de definição da persona foram: gênero, geração, classe de renda e local de moradia (zona urbana ou rural). Já as variáveis escolaridade, localização geográfica e raça não foram significativas e, portanto, foram retiradas da análise.

O modelo revelou que os homens da chamada geração ‘Silenciosa’, ou seja, aqueles nascidos antes de 1945, pertencentes à classe AB e residentes na zona rural, são os maiores consumidores de leite. 

Não se pode afirmar que sejam produtores de leite, mas são grandes fazendeiros, visto que vivem no meio rural e dispõem de renda elevada. Assim, esse resultado mostra que as pessoas que conhecem a produção de leite e, muito provavelmente, os benefícios do produto, são os seus maiores consumidores.

Essa informação é relevante para posicionamento de mercado e orientação de campanhas de marketing do setor.

A persona do iogurte é mulher da geração Y (nascida entre 1981 e 1995), da classe AB e residente em zona urbana, o que indica perfil bem diferente da persona do leite. Quando se analisa cada variável individualmente, observa-se que o fato de ser mulher influencia muito o consumo de iogurte.

As mulheres consomem, em média, 3,7 kg de iogurte por ano, enquanto os homens ingerem 2,4 kg, ou seja, diferença de mais de 50% no consumo. Esse resultado está alinhado com trabalhos científicos que mostram que as mulheres tendem a buscar mais produtos com apelo de saudabilidade.

Outra variável que tem forte impacto no consumo de iogurte é a renda. Brasileiros da classe AB ingerem quase duas vezes mais iogurte que aqueles da classe C e mais de três vezes o consumo da classe DE.

No caso dos queijos, os maiores consumidores são do sexo masculino, pertencem à geração Baby Boomers (nascidos entre 1946 e 1960), classe AB e residem na zona rural. Nesse sentido, o maior consumidor de queijo se assemelha muito ao maior consumidor de leite, com exceção da geração a que pertencem. Na realidade, quando se refere ao consumo, estas duas gerações (Silenciosa e Baby Boomers) refletem indivíduos mais maduros, em muitos casos aposentados, com estabilidade financeira.

Dessa forma, essa análise dos maiores consumidores evidenciou que diferentes produtos lácteos
apresentam diferentes personas,
 o que deve ser entendido e trabalhado no marketing do setor de forma a ampliar cada vez mais o consumo desses produtos.
Autores 

Kennya B. Siqueira, pesquisadora da Embrapa Gado de Leite;
João Pedro Junqueira Schettino, mestrando em Modelagem da Universidade Federal de Juiz de Fora;
Marcel de Toledo Vieira, professor de Estatística da Universidade Federal de Juiz de Fora;
Ygor Martins Guimarães, estudante de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Juiz de Fora.

As informações são do Anuário do Leite 2023 – EMBRAPA.

Publicação: MilkPoint