Top

Tese de doutorado em Goiás, aprofunda estudos científicos sobre a tripanossomose bovina

O médico veterinário Thiago Souza Azeredo Bastos, defendeu em 2018 sua tese de doutorado e o tema foi a Tripanossomose Bovina. Essa doença tem origem na África, é causada pelo protozoário do gênero Trypanosoma e é transmitida lá, pela mosca Tsé Tsé. Ela ataca bubalinos e bovinos e entrou no Brasil através dos búfalos que foram alojados no Estado do Pará. Alguns desses animais foram para o Mato Grosso, contaminaram bovinos em diversas fazendas afetando posteriormente Goiás e outros Estados da Federação, segundo as pesquisas. Bubalinos e alguns bovinos africanos não são afetados pois desenvolveram o que os cientistas chamam de trípano/tolerância.

Animais isolados em baia para acompanhamento clínico

A tripanossomose é transmitida no Brasil através da mosca Mutuca, muito conhecida principalmente na região de cerrado. Esse inseto é apenas o vetor, diferentemente da Tsé Tsé. O uso também de seringas e agulhas nas aplicações de remédios, vacinas e outros produtos químicos nos animais contaminados, é também uma grande fonte de transmissão.

Segundo Thiago Bastos, quando iniciou suas pesquisas, também com a ajuda de dezenas de alunos de Veterinária da Universidade Federal de Goiás, só em Goiás cerca de 40 fazendas tinham animais com a Tripanossomose. Ele calcula que atualmente, dezenas de outras estão com esse problema que ultrapassou fronteiras atingindo vários Estados da Federação.

A situação mais grave é que essa doença não é classificada ainda pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, como sendo de notificação obrigatória ou seja, aquela que ao ser detectada, o pecuarista tem que comunicar imediatamente o órgão do Estado que cuida da qualidade sanitária dos rebanhos afetados  por tuberculose, brucelose, aftosa e outras zoonoses. Assim, os bovinos contaminados estão transitando livremente pelo Estado e outras regiões disseminando a doença.

Thiago Bastos (de óculos) e assistente, no campo de pesquisas sobre a doença

Quanto a cura, Thiago Bastos pesquisou que ela ainda não foi alcançada definitivamente.  Existem remédios cujo componente químico é o Isometamidium. Esses medicamentos vão sendo aplicados apenas contendo o avanço da doença, segundo Thiago Bastos. Animais doentes ficam anêmicos e acabam morrendo principalmente os ligados à produção de leite. Se medicados corretamente no início e com manejo correto, as perdas são insignificantes. Mas, é preciso criar também nos Estados, melhor estrutura de laboratórios. Não se tem notícias de contaminações em rebanhos de corte. A doença não ataca humanos.

As descobertas em Goiás já foram publicadas em três revistas internacionais de ciências veterinárias: Parasitology, Preventive Veterinary Medicine e Experimental Parasitology. Os estudos de Thiago já fazem parte de várias grades escolares de Cursos de Veterinária e sua tese foi escolhida pela própria UFG, para concorrer ao Prêmio Nacional de Melhor Tese do Brasil, junto à CAPES, Fundação ligada ao Ministério da Educação.

Agulhas e seringas contaminadas são responsáveis pela disseminação

Todo o trabalho de Doutorado de Thiago Bastos foi patrocinado pelo Fundo para o Desenvolvimento da Pecuária em Goiás – Fundepec. Essa entidade é a maior do Brasil. Trata-se de um Fundo Emergencial Indenizatório criado e mantido pelos pecuaristas goianos, cujo objetivo é ressarcir produtores que tiverem seus animais abatidos pela vigilância sanitária se acometidos por doenças de notificação obrigatória, entre elas a febre aftosa.

Imprensa Fundepec-Goiás

Estudos científicos – Médico Veterinário Thiago Souza Azeredo Bastos – UFG-Goiás

tsabvet@gmail.com